27.9.10

Os Limites da Sedução (Part II)

Ele respirou bem fundo, como se esperasse acalmar-se antes de começar a falar, para não explodir de uma vez, e só depois de ter a certeza de estar bem controlado começou em tom severo:

-Pensas que isto é o quê? Uma brincadeira? Algo em que podes fazer o que queres e bem te apetece sem deveres cabeça a ninguém? Até me parece que não tens a mínima noção, a mínima consciência do que fizeste! – nesta altura começou a gritar comigo, ele perdera totalmente a calma! – Ages por conta própria! Não ligas ao que te dizem nem ao que te ordenam!

Os punhos dele estavam cerrados, a voz dele tornara-se tão agressiva que quase não conseguia suportar… Fechei os olhos perante os gritos e baixei a cabeça. Sentia-me uma autêntica criança a ser repreendida por algo de que dizia não ter culpa, mesmo sabendo que a tinha e apenas confiando na minha inocência para o provar.

-Põe-te no teu lugar! – continuou ainda um pouco exaltado. – E esse lugar é quietinha a fazer o que é da tua competência, não é a arranjar problemas, brigas e a destruir os meus planos! É assim tão complicado entender isto? Faz um favor a ti própria a deixa de ser tão infantil! – Akira levantou a mão e por momentos pensei que me ia bater, pensei que me ia dar uma estalada ou algo do género como castigo pelos meus erros mas enganara-me, acariciou-me a face com a mão quente e deixou-a ficar… Senti um arrepio perante o seu toque. Ele prosseguiu mais calmo. – Sei que é difícil ouvir isto tudo mas tens de aceitar… És apenas uma peça Kaori… - coloquei a mão sobre a dele, na minha face, para ele não a retirar.

-Mas… - tentei contrapor.

-Shhhhh. – Fez-me sinal de silêncio. – Não tens razão, não tentes ganhá-la quando não a tens… Sabes? Poderia dizer que eras apenas mais uma peça vulgar mas aí estaria a rebaixar-te ao nível dos outros, és mais do que isso, és a rainha deste jogo de xadrez e com as tuas atitudes, com as tuas “jogadas” quase punhas o rei em xeque!

Uma lágrima solitária rolou-me pela face, quando o sermão cessou, e parou na mão dele, nem sei porque chorava… Seria este o peso da desilusão? A culpa que sentimos quando desiludimos alguém de que gostamos tanto… Sem nenhum aviso, sem qualquer tipo de sinal senti a mão dele a aproximar lentamente a minha cara e passado uns segundos tive o prazer de sentir os lábios de Akira colados aos meus… O meu coração acelerara e todo o meu corpo se aqueceu, os lábios dele estavam tão quentes… tão doces… tão apaixonantes... e eu estava tão presa a ele… Ele beijava-me duma maneira que me seduzia, me tirava as forças e colocava totalmente a sua mercê. Mas perguntava-me… Que pretenderia ele com aquilo?

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